segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um trabalho de 7 meses, um aprendizado para a vida toda


Foram 7 meses para a construção do Seminário da Escola Borges. Durante este tempo, as coisas tomaram proporções gigantescas, que jamais imaginei que um dia tomariam! Agradeço ao Professor Cristiano pela linda homenagem que nos prestou. Não pude deixar de postar...

"Durante três dias forças inteligentes abalaram as estruturas de uma escola verde de uma cidade interiorana do estado mais ao sul do Brasil. Potências sísmicas gestadas durante tanto mais de sete meses. Uma hecatombe apoteótica que não registrou feridos, mas deixou cicatrizes profundas nos cento de dozeresponsáveis e em outras tantas testemunhas presentes ao epicentro do evento, atingidas sem piedade ou clemência.
Cento e doze que se subdividiram em 28 grupos destroçando teorias que nem seriam da sua conta em alguma outra escola comum. Vinte e oito grupos em três turnos – manhã, tarde e noite – para matar a pau as estatísticas construídas por eles próprios. Cortando na própria carne com fio da faca da suas coragens.
Encheram o ar de perguntas, incomodaram acomodados. Subverteram as filas da sala de aula, os horários de entrada. Durante três dias se apagaram as fronteiras do saber. Extinguiram-se os mestres, os professores: calaram os donos das idéias frente aos novos posseiros das ciências.
E os saberes falaram mais alto. E, as ciências estavam vivas pulsando pelas gargantas embargadas. A vida vivendo pelo meio dessas desordens. E essas desordens reinventando uma beleza desamarrada dos conteúdos programáticos, das listas de chamadas, da sirene pedante, que diminui a vida a subtempos de 45 minutos.
Voaram nas asas do Icaro, equilibrados pelas mãos firmes maternas de Nora, Margarete e Lisiane: pelo céu discorreram a vida pela boca da morte, pela vida dos que moram na rua, dos que catam no lixo, substâncias da vida. Falaram de uma cidade amordaçada, daqueles que morrem nos ventres dos carros. Do álcool, do sexo, da religião. Das religiões. Deram voz aos reprovados, disseram das escolas sonhadas reais. Verbalizaram velhos, mulheres, crianças. Puseram uma armadilha no caminho da beleza. Souberam dos gaúchos, do cânhamo, do Alzheimer, das tribos. Puseram o pé no barro dos assolados pela garganta das cheias de um rio Jacuí.
Não venceram. Não venceram por que ninguém perdeu. Construíram. Coo-instruíram-se.
Coo-instruímo-nos pela via de mão dupla da destruição. Juntos.
Forças vivas de uma escola, que abalam os alicerces de uma escola verde, ou de outra cor qualquer e se você não sabe mexer, melhor se afastar: por que tudo irá e virá pelos ares. Muito antes do que se imagina.
Saudações a quem tem coragem..."

Cristiano Carvalho Bernardes